Hoje trago para vocês uma mini-entrevista que fiz, via e-mail, com o blogueiro, jornalista e webdesigner Tiago Dória. Para quem quer ficar por dentro das novidades que surgem a cada segundo na web, lá é o lugar certo.

Aqui, ele fala sobre o papel dos blogs e dá sua opinião sobre a relação da publicidade com o jornalismo.



1- Blogueiros influentes estão sendo cada vez mais procurados e paparicados por grandes empresas para divulgar a sua marca pela web, vide o case da cerveja Antartica, que durante o lançamento do "Bar da Boa", convidou o pessoal do Jacaré Banguela , Faz Sentido, entre outros, para cobrir o evento e depois postar algo nos blogs. Já aconteceu isto com você?

Convite desse tipo não recebi. Recebo muito material de propaganda, e de peça de marketing viral disfarçada de comentário ou de dica enviada por um leitor. O que acho ruim nesses casos é a impressão de que, no Brasil, blogueiro só é lembrado na hora de participar de alguma campanha de marketing viral "engraçadinha". Dificilmente blogueiros são convidados para cobrir um evento - uma convenção de um partido, a posse de um presidente, prefeito, o lançamento de um filme ou produto por uma grande empresa etc.. Lá fora, diversos blogs têm credencial livre na Casa Branca e são convidados para cobrir diversos tipos de conferências. Aqui, no Brasil, na maioria das vezes, só lembram da gente na hora de fazer propaganda ou mídia espontânea.


2- No post "Você faz o seu nome na rede", está escrito que hoje em dia, o blogueiro constrói o seu "selo de credibilidade" sem passar pelos gigantes da "velha mídia". Você já foi contratado por alguma grande empresa por causa do seu blog?

Trabalhei como editor de Economia e de Mundo Virtual do Último Segundo por um tempo. Fui convidado justamente por causa do blog. Além disso, recebi outros convites. Quer queira ou não, um blog acaba se tornando a sua vitrine. Por causa disso, você deve cuidar muito bem dele.


3- O Gustavo Mini, do Conector, afirma que "os publicitários serão sempre invasores no território da geração de conteúdo". Na era do marketing viral, você acha que dá pra produzir matérias jornalísticas relevantes com uma pitada de propaganda dentro dela?

Acho isso um problema, porque você não sabe até onde vai a propaganda e o jornalismo numa matéria. Acho que dá para fazer, mas não é o ideal. O que dá para conseguir com marketing viral é ganhar uma mídia espontânea, sem precisar apelar para matérias pagas e informes publicitários. Isso é bem interessante.


4- Como consumidor, qual a sua opinião sobre a atual fase da publicidade?

Como consumidor acredito que a publicidade está em uma fase criativa, mas cheia de rótulos - "marketing de guerrilha" é um deles. O que eu não gosto são de alguns formatos de publicidade ainda usados - pop-ups, floating ads, banner que toca música etc.. São muito intrusivos. Por outro lado, temos coisas geniais como o Subservient Chicken e o conceito de links patrocinados, que já existe há algum tempo, mas foi reavivado pela Google.

5- Para você, como será o futuro do jornalismo?
Será um jornalismo ainda mais segmentado e personalista. Não acredito que o jornalismo irá acabar. Pelo contrário, com esse negócio todo de blogs, ele está mais vivo do que nunca. Acredito que está acabando não um formato [jornais impressos], mas um modo de produzir e apresentar conteúdo baseado no autoritarismo, no "eu falo e vocês escutam", e na criação e sustentação de "grifes jornalísticas".

Para sobreviver no mercado, a tendência é o jornalista se ver cada vez mais como um especialista em informação, que é o que sempre foi no final das contas. Ele não faz jornal, programa de rádio, nem edita e atualiza site. Ele trabalha com informação e dados. Não importa o formato - blog, jornal, televisão ou podcast. Tem que se colocar como um profissional capacitado para trabalhar com informação, desde um conteúdo noticioso até a administração do banco de dados de uma empresa. Se pensar assim, seus horizontes profissionais inevitavelmente crescerão.

É lógico que, para o profissional ter essa postura no mercado de trabalho, vai ser necessária uma melhor formação do jornalista [especialista em informação], muito além do aprender a "fazer lide, blog e ler jornal todo dia".

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